O que explica a queda de desempenho do Botafogo nas duas derrotas seguidas

O que explica a queda de desempenho do Botafogo nas duas derrotas seguidas

Trunfo do time de Luís Castro em sequência positiva, questão física se sobressai como uma das razões para apresentações abaixo do alvinegro

Porto Velho, RO - É inevitável que, após duas derrotas seguidas com viradas no segundo tempo, tentem encontrar semelhanças que expliquem o desempenho do time do Botafogo nos 45 minutos finais das partidas. 

No entanto, com adversários de níveis técnicos e características diferentes, e com jogos em que os contextos também se diferem, tudo indica que o alvinegro sofreu os dois revés por motivos distintos. Mas um fator em comum pode ter facilitado: o cansaço físico de um elenco que fez 14 partidas em 45 dias.

Contra o Goiás, o Botafogo tinha o jogo controlado até sofrer o gol de empate nos acréscimos do primeiro tempo. Dessa forma, um intervalo que caminhava para a tranquilidade alvinegra se tornou um fôlego a mais para os esmeraldinos, mandantes da partida e que precisavam do resultado para deixar a zona de rebaixamento. 

Na volta para a segunda etapa, o ânimo e a pressão do Goiás, num contraponto com a desatenção e a fadiga do time de Luís Castro, resultou no gol da virada. Depois que ficou atrás do placar, o Bota não conseguiu transformar a maior posse no campo de ataque em oportunidades efetivas, num cenário parecido com o que foi o jogo contra a LDU.

Pela Copa do Brasil contra o Athletico-PR, tudo indicava que a partida teria um cenário favorável para o alvinegro: o adversário tentaria jogar no campo de ataque, com a posse de bola, enquanto o Botafogo teria espaços para atacar de forma vertical e veloz, principalmente com o uso dos pontas.

Já na primeira etapa, o time de Luís Castro não conseguiu criar muitas chances, mas se defendeu bem e aproveitou as oportunidades no fim para abrir 2 a 0. No entanto, o que parecia se tornar um quadro ainda melhor no intervalo acabou por virar uma dolorosa derrota de 3 a 2 ao final da partida.

— O Botafogo é um time que se defende muito próximo do seu gol e usa muito da bola longa para chegar ao ataque. Isso faz com que o time tenha que ter ações mais longas, e, consequentemente, mais desgastantes. 

E tem os principais jogadores acima dos 30 anos. Tiquinho com 32, Eduardo, 33, Cuesta e Marçal tem 34. Eles já não tem a mesma recuperação muscular dos mais jovens, e, com a sequência de jogos, o “combustível” para disputar as partidas vai ficando cada vez menor — explicou Marcelo Raed, comentarista do Grupo Globo.

Nas partidas contra Goiás e Athletico-PR, Eduardo, por exemplo, não teve o mesmo desempenho das anteriores, quando chegou a somar quatro gols e uma assistência em três jogos. Já outros nomes como Marçal e Cuesta precisaram ser poupados e seus reservas imediatos não foram bem.

— Acho que o principal tem sido o físico mesmo, porque ele acaba influenciando em tudo, como o técnico, tático e mental. O Botafogo se destacava por vencer muitos duelos nos jogos, se impondo, e com um físico muito desgastado você fica mais desatento, seu corpo já não responde de maneira tão rápida a uma ação importante. 

É muito difícil falar de uma sequência de 18 jogos em dois meses que uma equipe não vá oscilar e acho que é isso que tem acontecido com o Botafogo, tanto na parte física como também na hora de rodar o elenco, porque é nessa hora que as lacunas aparecem — falou Matheus Ferreira, dono do perfil “Fogostats”, que realiza análises estatísticas e táticas do elenco alvinegro, ao lembrar de casos de jogadores lesionados, como Rafael, Danilo Barbosa e Matías Segovia.

Mas, especialmente em relação ao jogo contra o Athletico-PR, há quem credite a derrota ao estilo do adversário e ao cenário que se desenrolou na partida.

— O Athletico-PR se acostumou a virar jogos. Está incorporado na rotina recente do Athletico estar em desvantagem. Então no jogo de quarta-feira, quando os jogadores entraram no vestiário, o jogo ainda estava zero a zero, claro que não no sentido literal, enquanto para os jogadores do Botafogo estava 2 a 0. Por estar habituado a viver situações adversas, o Furacão voltou para o segundo tempo com um nível de concentração que o Botafogo, por conta da vantagem obtida naquele cenário, não teve a mesma capacidade. 

Sim, há o desgaste físico, mas a questão mental, no nível da desconcentração, não pode ser desconsiderada — disse Paulo Cesar Vasconcellos. — Botafogo no primeiro tempo teve, defensivamente, uma atuação muito boa. O Furacão teve mais posse de bola mas não empilhou oportunidades, diferentemente do que aconteceu no segundo. 

Associo isso muito mais a capacidade de concentração, de manter o foco no jogo, do que no cansaço físico. O desgaste físico afeta. Mas quando você tem a desconcentração abaixa, talvez até pelo desgaste, tudo fica mais complicado — concluiu o comentarista do Grupo Globo, que teve a opinião corroborada por Lucas Fernandes após a partida: — Nosso time desligou um pouco, meio que deixamos nos acomodar pela vantagem de 2 a 0.

Apoiador do trabalho do departamento de fisiologia do Botafogo, o técnico Luís Castro já falou em diversas oportunidades sobre a importância da parte física para o estilo de jogo da equipe. Por isso, costuma rodar o elenco e utilizar os jogadores que tem em melhor condição para cada partida. 

Após a derrota de quarta, Castro deu méritos ao adversário pela vitória, mas também falou sobre como os problemas físicos atrapalharam o planejamento da equipe.

— Esse (Hugo) é um dos jogadores que pediram (substituição). O Gabriel (Pires) também com problemas, vinha também de lesão, o Tchê Tchê também com dificuldades, o Tiquinho. Acabamos com muitos jogadores em dificuldades, pois com um números maior de jogos eles vêm vindo a ter (lesões). Mas é para todos, não só para nós, não há o que lamentar — ponderou.


Fonte: O GLOBO

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