Técnico se desgasta por decisões que ilustram dois lados de sua teimosia, e postura após derrota na estreia na Libertadores ajuda a tornar ambiente tenso outra vez
Porto Velho, RO - O Flamengo de Vítor Pereira já ultrapassou os três meses de trabalho e ainda se estrutura sob bases nada sólidas, com pouca gordura para queimar. Quando engata três vitórias seguidas, o recorde até aqui na temporada, um tropeço como o da estreia na Libertadores faz o técnico voltar as casas que avançou de uma só vez.
Mesmo com a vantagem de 2 a 0 na partida de ida da final do Estadual, conquistada com uma estratégia ousada e a barração de Gabigol, o técnico revê o Fluminense no domingo pressionado como de costume. Pelo desempenho que não convence e pelo discurso que já motiva cobranças da diretoria por resultados mais convincentes.
A derrota para o Aucas veio acompanhada de dois elementos de desgaste: a declaração de que o time teve boa atuação e uma discussão com um torcedor rubro-negro no estádio.
— Foi um jogo difícil, condições difíceis. Na minha opinião, fizemos um bom jogo. Tivemos momentos bons no jogo, de controle, de posse, de criar situações de gols — disse o técnico.
Os motivos para o abalo
Antes, mesmo após a vitória no clássico, houve outros pontos sensíveis. O mais delicado deles e que é decisivo para a manutenção do trabalho é o risco de abalo da confiança dos atletas. Vítor Pereira tem se exposto cada vez mais com decisões que priorizam questões táticas e deixam de lado a gestão equilibrada do elenco.
Além de escalar um time quase todo reserva na Libertadores, improvisou Marinho novamente como ala na esquerda e fez substituições no segundo tempo que não devolveram qualquer padrão ao Flamengo. A volta de Gabigol também não surtiu efeito, e o atacante segue em jejum. Já são oito jogos em branco.
Dois lados da teimosia
Hoje, há dois lados da moeda dessa teimosia de Vítor Pereira. Contratado para reformular o elenco e variar as formas de jogo, o treinador se mantém fiel a seus princípios e não se deixa influenciar por nome ou histórico recente.
Por outro lado, em muitos momentos a avaliação interna é que tem comunicado mal junto a atletas e também à torcida os seus planos, fugindo demais de um padrão minimamente estabelecido e que dá segurança para ser o ponto de partida para mudanças bruscas.
Hoje o Flamengo de Vítor Pereira tem 17 jogos, com 10 vitórias, um empate e seis derrotas em 2023, com um roteiro de instabilidade constante, que lembra os tempos de Paulo Sousa. É o time que mais perdeu entre equipes da Série A.
Sob pretexto de não trabalhar com reservas e titulares, o treinador escala o time em cima da hora do jogo e deixa o clima de incerteza no ar no vestiário, onde ainda tem respaldo.
Quanto é a multa
O trabalho será avaliado ao fim do Campeonato Carioca. A multa rescisória em caso de demissão é de R$ 15 milhões. Em caso de derrota para o Fluminense o clima ficaria muito pesado e seria determinante no veredito sobre a permanência do técnico português.
Fonte: O GLOBO
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