Aos 42 anos, Ana Helena Germóglio assumiu a Coordenação de Saúde da Presidência em janeiro
Porto Velho, RO - Na última quinta-feira, aos pés do avião presidencial, na Base Aérea de Brasília, a médica Ana Helena Germóglio recebeu uma das missões mais difíceis de sua carreira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ela precisaria convencê-lo a ir ao hospital para passar por exames.
O episódio foi um ensaio para a prova de fogo que viria dois dias depois, quando ela recomendou expressamente que o petista adiasse a viagem que faria à China no domingo, considerada uma das agendas mais estratégicas do presidente no exterior.
Aos 42 anos, Germóglio assumiu a Coordenação de Saúde da Presidência em janeiro. De uma hora para outra, ela passou a ocupar o noticiário após diagnosticar o presidente com pneumonia e influenza. As orientações dela levaram Lula a cancelar sua partida para o país asiático um dia antes do voo e frustrar as expectativas de parte do setor produtivo brasileiro.
— Não é nada fácil cancelar a ida de uma equipe para China quando já há duas equipes em Pequim e Xangai, e outra esperando para embarcar. É uma responsabilidade muito importante. Mas antes de cuidar do CNPJ presidente da República, a gente tem que cuidar do CPF Luiz Inácio — contou Ana Helena Germóglio ao GLOBO.
Bem humorada, ela faz piada com a tensão vivida nos últimos dias e diz que os empresários convidados para integrar a comitiva presidencial não querem vê-la nem pintada de ouro.
Aos 42 anos, Germóglio assumiu a Coordenação de Saúde da Presidência em janeiro. De uma hora para outra, ela passou a ocupar o noticiário após diagnosticar o presidente com pneumonia e influenza. As orientações dela levaram Lula a cancelar sua partida para o país asiático um dia antes do voo e frustrar as expectativas de parte do setor produtivo brasileiro.
— Não é nada fácil cancelar a ida de uma equipe para China quando já há duas equipes em Pequim e Xangai, e outra esperando para embarcar. É uma responsabilidade muito importante. Mas antes de cuidar do CNPJ presidente da República, a gente tem que cuidar do CPF Luiz Inácio — contou Ana Helena Germóglio ao GLOBO.
Bem humorada, ela faz piada com a tensão vivida nos últimos dias e diz que os empresários convidados para integrar a comitiva presidencial não querem vê-la nem pintada de ouro.
Com apenas três meses de trabalho na Presidência, Germóglio contou com aliados importantes no processo de persuasão do chefe da República. Tanto a primeira-dama Janja Lula da Silva, como o médico pessoal e amigo de Lula, Roberto Kalil, referendaram a orientação da infectologista e ajudaram a explicar ao presidente a importância de ele se submeter a exames e adiar a viagem.
Germóglio e Kalil mantêm as melhores relações e chegam a trocar figurinhas e "emojis" sobre a saúde de Lula. Desde o final da semana passada, os dois médicos se falaram várias vezes por dia para tratar sobre o quadro de pneumonia e influenza do presidente.
Germóglio foi indicada para a vaga na presidência da República por um ex-ocupante do posto, o médico Cléber de Araújo Leal Ferreira, que acompanhou Lula durante as duas primeiras passagens do petista pelo Planalto. Germóglio já havia trabalhado por seis meses no departamento, sob a chefia de Leal, no segundo mandato de Lula.
Paraibana, ela se formou pela Universidade Federal de seu estado e se mudou para Brasília em 2005 para cursar residência na Universidade Nacional de Brasília (UNB). Desde então, atuou em hospitais e se tornou referência no tratamento de Covid-19 no Distrito Federal. A primeira viagem de Germóglio na comitiva presidencial foi emblemática: ela acompanhou o petista a Santos para o velório de Pelé.
— Acho que ninguém nunca se vê nesse cargo. Eu nunca vislumbrei isso, não era minha área de atuação. Na circunstância em que o país estava, como defensora da medicina preventiva, da vacina, da ciência, me senti surpresa e honrada com o convite — afirma Germóglio, que não esconde a admiração pelo presidente.
No front da Covid-19
Germóglio estava no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), fora do horário de trabalho, quando a primeira pessoa infectada pelo coronavírus no Distrito Federal chegou à unidade. Por se tratar de um caso grave, a infectologista foi chamada para examiná-la. A partir de então, Germóglio foi um dos principais nomes do combate à doença no DF.
No HRAN e no Hospital Alvorada, onde atuou antes de integrar a equipe médica do presidente, a médica era querida pelo corpo técnico e também pelos pacientes. Responsável pelo serviço de controle de infecção do Hran, a infectologista era uma espécie de "consultora" dos colegas, que pediam orientações para resolução de casos complexos.
Especialista em controle de infecção hospitalar, no início da pandemia, chegou a ficar dois meses longe dos filhos, Luiz (9 anos) e João (8 anos), devido ao excesso de trabalho e como medida de precaução. Na época, a médica teve voz ativa em defesa das vacinas e fez análises críticas sobre a atuação do governo de Jair Bolsonaro no controle da doença.
Depois de ocupar um posto-chave durante a pandemia no DF e assumir o cargo como médica da Presidência, Germóglio brinca que, para completar o currículo, falta apenas atuar como médica na NASA. Apesar da rotina atribulada dos últimos anos, a médica de Lula não tem dúvidas:
— Eu sempre pensei em fazer infectologia, porque minha mãe é infectologista e foi minha professora na faculdade. Sempre andei com ela no hospital, mesmo quando era criança, quando ela não tinha onde me deixar. Nunca pensei em fazer outra coisa.
Fonte: O GLOBO
Germóglio e Kalil mantêm as melhores relações e chegam a trocar figurinhas e "emojis" sobre a saúde de Lula. Desde o final da semana passada, os dois médicos se falaram várias vezes por dia para tratar sobre o quadro de pneumonia e influenza do presidente.
Germóglio foi indicada para a vaga na presidência da República por um ex-ocupante do posto, o médico Cléber de Araújo Leal Ferreira, que acompanhou Lula durante as duas primeiras passagens do petista pelo Planalto. Germóglio já havia trabalhado por seis meses no departamento, sob a chefia de Leal, no segundo mandato de Lula.
Paraibana, ela se formou pela Universidade Federal de seu estado e se mudou para Brasília em 2005 para cursar residência na Universidade Nacional de Brasília (UNB). Desde então, atuou em hospitais e se tornou referência no tratamento de Covid-19 no Distrito Federal. A primeira viagem de Germóglio na comitiva presidencial foi emblemática: ela acompanhou o petista a Santos para o velório de Pelé.
— Acho que ninguém nunca se vê nesse cargo. Eu nunca vislumbrei isso, não era minha área de atuação. Na circunstância em que o país estava, como defensora da medicina preventiva, da vacina, da ciência, me senti surpresa e honrada com o convite — afirma Germóglio, que não esconde a admiração pelo presidente.
No front da Covid-19
Germóglio estava no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), fora do horário de trabalho, quando a primeira pessoa infectada pelo coronavírus no Distrito Federal chegou à unidade. Por se tratar de um caso grave, a infectologista foi chamada para examiná-la. A partir de então, Germóglio foi um dos principais nomes do combate à doença no DF.
No HRAN e no Hospital Alvorada, onde atuou antes de integrar a equipe médica do presidente, a médica era querida pelo corpo técnico e também pelos pacientes. Responsável pelo serviço de controle de infecção do Hran, a infectologista era uma espécie de "consultora" dos colegas, que pediam orientações para resolução de casos complexos.
Especialista em controle de infecção hospitalar, no início da pandemia, chegou a ficar dois meses longe dos filhos, Luiz (9 anos) e João (8 anos), devido ao excesso de trabalho e como medida de precaução. Na época, a médica teve voz ativa em defesa das vacinas e fez análises críticas sobre a atuação do governo de Jair Bolsonaro no controle da doença.
Depois de ocupar um posto-chave durante a pandemia no DF e assumir o cargo como médica da Presidência, Germóglio brinca que, para completar o currículo, falta apenas atuar como médica na NASA. Apesar da rotina atribulada dos últimos anos, a médica de Lula não tem dúvidas:
— Eu sempre pensei em fazer infectologia, porque minha mãe é infectologista e foi minha professora na faculdade. Sempre andei com ela no hospital, mesmo quando era criança, quando ela não tinha onde me deixar. Nunca pensei em fazer outra coisa.
Fonte: O GLOBO
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