Novo advogado de Bolsonaro defendeu Valdemar no Mensalão e envolvidos na Lava Jato

Novo advogado de Bolsonaro defendeu Valdemar no Mensalão e envolvidos na Lava Jato

Bessa já teve entre seus clientes políticos de PL, PTB, PP e PSD

Designado como novo advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em processos tidos como "perigosos" no Supremo Tribunal Federal, Marcelo Luiz Ávila de Bessa já teve entre seus clientes outros políticos envolvidos em escândalos. Entre eles, está Valdemar da Costa Neto, presidente do partido de Bolsonaro, além de Gim Argello e Luiz Estevão.

Será Bessa quem assumirá a defesa de Bolsonaro no inquérito que investiga a participação do ex-presidente nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele também irá atuar em ações relativas a Covid-19 e as milícias digitais.

Não será a primeira vez que o advogado representa Bolsonaro. Ele já atuava em nome da campanha do ex-presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em casos como o do discurso feito em julho à embaixadores atacando o sistema eleitoral brasileiro.

Bessa se aproximou de Bolsonaro por meio de Valdemar da Costa Neto, a quem defendeu no julgamento Mensalão, em 2012. Valdemar acabou condenado a sete anos e dez meses de prisão, mas a relação dele com o advogado continuou.

Assim, foi Bessa, que com uma procuração do presidente do PL, apresentou ao TSE a ação que questionou a validade de cerca de 250 mil urnas após a derrota de Bolsonaro no segundo turno. Na época, o ministro do TSE Alexandre de Moraes determinou uma multa de R$ 22,9 milhões aos três partidos da coligação de Bolsonaro: PL, PP e Republicanos.

A petição foi classificada como de "má fé" por Moraes, que chamou o pedido de "esdrúxulo" e 'ilicito", além de "ostensivamente atentatório ao Estado Democrático de Direito".

Bessa assumirá também ações relativas a casos de fake news envolvendo o ex-presidente. Em 2020, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o advogado defendeu multas pesadas para quem criar e compartilhar desinformação:

— Na medida em que se estabelecer punições pecuniárias mais altas, vai se ter uma inibição das chamadas Fake News, as pessoas vão começar a sentir no bolso o peso da irresponsabilidade e é nesse caminho que acredito que a democracia brasileira tem que seguir — disse o advogado.

Formado pela Universidade de Brasília, Marcelo Bessa chegou a ser juiz do Trabalho, mas largou a magistratura e abriu o escritório que leva seu nome em 1995. Enquanto era juiz, Bessa atuou na Justiça Regional do Trabalho de Minas Gerais e Brasília. O advogado também trabalhou como professor em universidades do Distrito Federal e em concursos preparatórios para carreiras na magistratura e Ministério Público.

Outros clientes

Além de Valdemar e Bolsonaro, Bessa tem em seu currículo profissional a defesa de outros políticos envolvidos em escândalos de corrupção, muitos alvos da Operação Lava Jato. O advogado defendeu, por exemplo, o ex-senador Gim Argello (PROS-DF), condenado em 2016 pelo então juiz Sergio Moro, atualmente senador e filiado ao União Brasil.

Gim Argello, na época do PTB, foi condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e obstrução de Justiça a 19 anos de prisão. Ele teria pedido propina a empreiteiras como Odebretch e Camargo Correa para protegê-las durante a Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras.

Também foram defendidos por Bessa os deputados Luiz Fernando Ramos Faria (PSD-MG) e José Otávio Germano (PP-RS), denunciados pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, também na Operação Lava Jato. A dupla foi acusada de pagar propina ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa com o objetivo de incluir uma empresa entre as aptas a participar dos grandes contratos da petroleira.

Atualmente, Bessa também é advogado do ex-senador e empresário Luiz Estevão (PRTB-DF).


Fonte: O GLOBO

Postar um comentário

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem