Elas protestavam contra proibição de acesso ao ensino universitário
Porto Velho, RO - As autoridades talibãs, no poder no Afeganistão, neutralizaram à força uma manifestação hoje (22) em Cabul. Dezenas de mulheres protestavam contra a medida que proíbe a educação universitária feminina no país.
O grupo, composto por ativistas sociais, jovens e estudantes, gritava palavras de ordem como "ou todos ou ninguém" e "queremos igualdade de oportunidades educativas", durante o protesto em Cabul "contra a cruel decisão do governo talibã".
A organizadora da marcha, Basira Hussaini, disse à agência de notícias espanhola Efe que a ação terminou abruptamente porque as "forças de segurança talibãs e a polícia dispersaram a manifestação de forma violenta", tendo torturado e detido algumas das participantes.
O protesto ocorreu um dia depois de as autoridades talibãs terem decretado oficialmente a proibição do ensino universitário às estudantes afegãs.
Nessa quarta-feira, as mulheres foram impedidas de entrar nos estabelecimentos de ensino universitário.
A proibição decretada pelos fundamentalistas, condenada por vários países e organizações internacionais, soma-se à vasta lista de restrições contra as mulheres, como impostos sobre o acesso ao ensino secundário, segregação no uso dos espaços públicos, além da obrigação do véu islâmico.
A Turquia e a Arábia Saudita tornaram-se os últimos países de maioria muçulmana a condenar a decisão das autoridades talibãs contra as mulheres afegãs.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse que a proibição não é "nem islâmica nem humana".
Em entrevista conjunta com o chanceler do Iêmen, Cavusoglu apelou aos talibãs para reconsiderarem a decisão.
"Qual é o mal da educação das mulheres? Que mal faz ao Afeganistão"? questionou Cavusoglu. "Haverá uma explicação islâmica? Pelo contrário, a nossa religião, o Islã, não é contra a educação, pelo contrário, encoraja a educação e a ciência", acrescentou o chefe da diplomacia turca.
A Arábia Saudita, que até 2019 impôs restrições generalizadas às mulheres sobre viagens, acesso ao mercado de trabalho e a outros aspectos cruciais da vida cotidiana, incluindo a condução de automóvel, também exortou os talibãs a mudarem a decisão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita expressou "espanto e pesar" pelo fato de ser negada às mulheres afegãs uma educação universitária.
Anteriormente, o Catar, que mantém ligações com as autoridades talibãs, também condenou a decisão.
Em outro sinal de oposição interna, vários jogadores de críquete afegãos condenaram a medida.
O críquete é um esporte extremamente popular no Afeganistão, e os jogadores têm centenas de milhares de seguidores nas redes sociais.
Fonte: Agência Brasil
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